Não
só tolerar mas amar - Noções esclarecedoras sobre o racismo1
I
Ó Senhor,
Senhor nosso, quão admirável é o teu
nome em toda a terra, pois puseste a tua glória sobre
os céus!
Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste;
Que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do
homem, para que o visites?
Pois pouco menor o fizeste do que os anjos, e de glória e de honra o coroaste.
Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das
tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés…
Que bonito é o Salmo 8 que louva a Deus por haver
criado a o homen como uma criatura bela
como os anjos!
Nos últimos tempos temos assistido a uma das piores
ignomínias e abusos do homem na sociedade atual. Estou a falar de racismo. Com grande tristeza, percebemos como algumas
pessoas diferem e desprezam outras devido à cor da sua pele. Que escandalosa contradição com a Palavra de
Deus e os ensinamentos da Igreja! Isto é muito triste e provoca uma enorme
indignação
e impotência.
“E criou Deus o homem à sua imagem;
à imagem de Deus o criou”
Diz o Gênesis 1, 27
Sim! A
Igreja se posiciona contra o racismo porque, além de ser crime, é também pecado, como nos ensinam
as Sagradas Escrituras:
“Mas, se
tratarem os outros com parcialidade, estarão cometendo pecado e serão
condenados pela Lei como transgressores”. (Tiago 2,9)
“Não há
judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em
Cristo Jesus”. (Gálatas
3,28)
No documento Alegria e
Esperança a Igreja ensina:
“Qualquer forma de discriminação nos direitos fundamentais da
pessoa, seja ela social ou cultural, ou que se fundamente no sexo, raça, cor, condição social, língua ou religião deve
ser superada e eliminada, porque contrária ao plano de Deus”. (GS 160)
Estamos
chamados a uma vida em Cristo e o racismo vai totalmente em contra dessa
vocação
II
O Papa
Francisco (20/09/2018) fala sobre esses
"Interesses míopes”, que enfermam nossa sociedade.
Ele constata a manifestação de sentimentos que pareciam superados, como o medo, o
desprezo e até mesmo o ódio contra indivíduos ou grupos considerados diferentes em virtude de sua
pertença étnica, nacional ou religiosa. Sentimentos que se manifestam
em atos de intolerância, discriminação e exclusão.
Infelizmente,
afirmou o Papa, algumas vertentes políticas cedem à tentação de instrumentalizar esses sentimentos para “míopes interesses eleitorais”.
Todavia,
a gravidade desses fenômenos não pode cair na indiferença. Francisco pede um
empenho especial às
famílias, aos formadores e educadores e aos
agentes da comunicação. A quem tira vantagem econômica deste clima de
desconfiança, explorando as vítimas em novas formas de escravidão, o Pontífice
pede um “profundo exame de consciência”.
Não só tolerar, mas amar:
Já os
cristãos têm uma responsabilidade a mais em combater as novas formas de
xenofobia e racismo, em razão de sua própria natureza.
O outro,
de fato, não é somente um ser a respeitar em virtude de sua intrínseca
dignidade, mas sobretudo um irmão ou uma irmã a amar. Em Cristo, a tolerância
se transforma em amor fraterno, em ternura, em solidariedade operativa.
“Ser
cristãos é um
chamado a ir contracorrente, a reconhecer, acolher e servir o próprio Cristo descartado nos irmãos.”
Temos que
trabalhar para que “possamos construir juntos sociedades mais justas e solidárias”.
O Papa
Francisco (03/06/2020) falou também sobre os últimos dramáticos acontecimentos nos Estados Unidos:
“Queridos amigos, não podemos tolerar nem fechar os olhos para qualquer tipo de
racismo ou de exclusão e pretender defender a sacralidade de cada vida humana.
Ao mesmo tempo, devemos reconhecer que a violência das últimas noites é autodestrutiva
e auto-destrutoras. Nada se ganha com a violência e muito se perde.”
III
“O racismo é pecado”
Finamente neste contexto
eu quero destacar um artigo escrito por
Pablo Garcia, de Atibaia, publicado no
site do jumasbrasil.com.br Pablo Garcia cita o Padre Kentenich afirmando
que para superar o angustiante problema do racismo há que combater
energicamente no campo social o egoísmo, a busca do próprio proveito.
“Agora começamos a entender! Entenderemos ainda melhor quando
eu apontar que este espírito social só pode existir onde se combate
energicamente o egoísmo, o amor-próprio, a busca do próprio proveito. Temos assim diante de nós um grande e vasto campo de ação social!” (grifo meu) diz o
Padre Kentenich em conferência para os congregados em 1914.
E o que é o racismo se não uma forma de egoísmo, em que enxergamos apenas a cor do outro e aí decidimos
se ele é digno de nossa consideração caso sua cor seja igual à minha.
O racismo é uma mancha
na história da humanidade, e nesse assunto não existe outra opção a não ser
combater qualquer ideia de que alguém é inferior a outra pessoa. Nesse caso não existe
meio termo, não é possível ser “Meio não racista” ou “Não racista de vez em quando”. Também é imprescindível que estejamos atentos às vítimas e sejamos sempre
abertos a acolher aqueles que sofrem desse mal.
Essa “ideia” de que existe a possibilidade de a vida de um ser humano valer
menos do que a de outro é um convite a violência, e essa “ideia” infelizmente, por diversas vezes, está presente no nosso dia a
dia, e é aqui que devemos agir. Essas ações passam pela compreensão de que toda
vida importa, um racista não é diferente de uma pessoa que defende o aborto como
forma de evitar vidas indesejáveis.
Porém é
inadmissível que se finja que esse problema não existe e seja varrido para
debaixo do tapete, enquanto assistimos nossos irmãos sofrerem a causa da cor da
sua pele, origem, etnia o espaço cultural.
“Que Nossa Senhora de
Guadalupe, Mãe da América,
interceda por todos aqueles que trabalham pela paz e justiça na sua terra e no
mundo “
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Fonte: Sagrada Escritura,
Gaudium et Spes, Vaticano II
Papa Francisco, entrevistas e mensagens
Pablo Garcia, Jumas, Atibaia, SP
Produção e edição: Rafael Tavares Mota, Schoenstatt, Brasil
Pe Marcelo Aravena -Assessor da Liga de famílias Jaraguá- Schoenstatt- Brasil
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