terça-feira, 14 de julho de 2020

Aprendizagem no confinamento


APRENDIZAGEM NO CONFINAMENTO

O que aprendi com os outros no confinamento

Há quase quatro meses que muitos aproveitam a mudança na rotina e
o confinamento obrigatório também para refletir e aprender uma
habilidade, uma arte, uma língua ou para dar lugar a um
processo de aprendizagem pessoal, outros sofreram de fadiga ou stress emocional. Mas também houve a
oportunidade de aprender com os outros e dos outros, especialmente com aqueles  que nos acompanharam neste tempo de isolamento social. Quer sejam  amigos, familiares ou parceiros, a crise de saúde forçou-nos a passar  muito mais tempo juntos.

Quero dar aos amigos e amigas que me falaram sobre esse tema um
espaço para nos dizerem o que aprenderam - ou estão a aprender -
com a realidade atual, com a pessoa ou com o grupo familiar com quem passaram estes meses.

1. Aprendendo ser paciente e tolerante
Nossa amiga, Maria Clara, comentou: "Nestes 100 dias de isolamento social que passei com o meu parceiro, Francisco, tenho cultivado a tolerância. Eu gosto muito de ter o meu espaço e autonomia, mas tenho-me observado durante este tempo e vejo que tenho sido mais compreensiva e tolerante em grande parte graças a ele. Francisco move-se através da vida de uma forma crítica mas não acelerada, o que me permeia e me ajuda a olhar para as coisas com mais perspectiva, o que eu não estava a fazer tanto. Também aprendi com a sua atividade politica e com a minha própria junto com ele que posso trabalhar por causas sociais que eu considero justas para o bem dos outros.  Também aprendi a reconhecer com ele ser reconhecida, e sobretudo a estar sempre grata. Agora posso desfrutar de um bom almoço, no meio da procura do teletrabalho, e projecto-me fora disto para fazer comunidade, para abraçar aqueles que amo e para ser menos egoísta com o meu tempo e sentimentos”.

Sem duvida a paciência e a tolerância são umas das  virtudes mais procuradas no tempo do confinamento.  Mas ha servido para crescer individualmente reconhecendo aos coisas boas nas outras pessoas. Também reconhecendo as coisas positivas que temos nos mesmos como potencialidades boas e que podemos colocar ao serviço dos outros.

2. Aprendendo a ser mais empática
Eduarda diz: ”Estou casada com Filipe há sete anos e temos duas meninas pequenas, uma de um ano e uma quase de cinco. No início da quarentena, viemos a Belo Horizonte para estarmos mais próximos de minha sogra, que foi diagnosticada há três anos com câncer terminal. Esta situação me ensinou a ser mais empática e tolerante, mas acima de tudo foi uma oportunidade de reencontrar-nos e voltar a conhecermos mais profundamente com meu marido.  Agora que nos vemos o dia todo, conseguimos nos colocar no lugar um do outro e nos entender. Se há uma coisa que aprendi e que me fez re-encantar nele e amá-lo mais ainda, é como ele é um bom pai”.

Sim.  Situações de proximidade intensa levadas de uma forma amadurecida e tranquila serve para aprofundar sentimentos positivos para as pessoas que nos amamos.

3.  Aprender o que é importante
Compartilhando com Enzo Gabriel, ele falou emocionado para mim:”No outro dia eu estava conversando com meu filho, que está estudando medicina e que para isso sempre teve uma grande vocação, e me surpreendi quando ele me disse que é inútil ter dinheiro se os relacionamentos são danificados. O dinheiro vem e vai. Mais importantes do que isso são a felicidade, o companheirismo, a compreensão e a solidariedade". Ao ouvi-lo, percebi que ele tem suas prioridades claras: ele sabe que não somos ricos, que não temos muitas coisas, mas que estamos unidos e que estamos passando por isso juntos. E isso é o que é importante. Sempre pensei que ele havia escolhido sua carreira universitária pela remuneração econômica - sendo imigrantes do Nordeste em São Paulo, acho que é inevitável que pensemos nisso - mas com essa reflexão ficou claro para mim que seu espírito de serviço é o que prevalece.”

Tempos de isolamento nos oferecem a possibilidade de ter conversas profundas com os outros.  E nos levamos surpresas agradáveis ao descobrir tanta nobreza e riqueza interior nas pessoas que amamos e com as quais convivemos nosso dia a dia.

4. Aprender controlar a ansiedade com bom humor e otimismo
Pedro Henrique fala que: "Há duas coisas que aprendi nesta quarentena em casa com minha esposa Joana e meu filho André de três anos e meio de idade. O que aprendi com ela é que compartilhamos o mesmo senso de humor e que usamos o humor para passar por tudo o que está acontecendo. Isso nos ajudou a controlar a ansiedade, nos salvou em tempos difíceis. As vezes ficamos com raiva, e não nos levamos tão a sério nem a situações externas e alheias. Com meu filho aprendi a ser mais flexível, a ter que me adaptar e a estar muito atento ao que ele precisa. Para descer no chão e brincar.”

Que bonito e útil é ter bom humor e ser otimista numa situação extrema como é o isolamento prolongado.  Ajuda muito para encontrar caminhos novos de entendimento, aceitação e melhoramento da nossa convivei diária.

5. Aprendendo a meditar e agradecer pelos privilégios
Conversando com João Miguel, ele afirmou que esse tempo de quarentena não voluntaria: “Eu aprendi a rezar e a meditar mais autenticamente.  Não só pelo risco e insegurança que significa a pandemia, mas também por ter mais tempo útil para meditar nas coisas positivas e bonitas da vida, para estar mais ciente dos privilégios que desfruta-mos, para colocar as prioridades em ordem e para agradecer a Deus pelas bençãos muitas vezes imerecidas. Tudo isso ajuda a contemplar a vida e suas realidades com olhos diferentes e acrescentar a alegria no coração de estar vivo, de saber que você é amado por Deus e pelos outros que estão no teu redor com você.”

Em tempos de incerteza não tudo é negativo.  É verdade, em tempos de crise de nos pode sair o pior do ser humano mas também o melhor, o mais nobre e puro, o mais belo e verdadeiro, o mais autentico e rico humanamente falando.

6. O Padre Kentenich quando fundava Schoenstatt diz aos jovens ante a iminência da segunda guerra mundial como se a Mãe de Deus falasse para eles:  “Segundo o plano da Divina Providência, a Guerra Mundial, com os seus poderosos impulsos, deve vir a ser um meio extraordinariamente proveitoso para vós na obra da vossa santificação. É essa santificação o que vos exijo.”  Com isso ele quer dizer que de algo muito negativo pode emergir algo muito positivo também.  Condições de guerra podem ser propicias para alcançar metas altas e nobres.  Só temos que estar dispostos para aprender como faze-lo e dar-nos por inteiro a isso que amamos e desejamos.

Um ultimo pensamento sobre os testemunhos que apresentamos anteriormente. Eu acho que todos os valores mencionados atingem situações concretas e diárias da vida  familiar.  É lindo e renovador viver em família mas ela para que cumpra seu rol e função deve ser protegida e fortalecida todos os dias.  Vamos dar uma reforçada a nossas familias cultivando e promovendo a paciência, a tolerância, a empatia, a valoração das coisas simples, vamos controlar a ansiedade, a ter bom humor, otimismo, rezar, meditar e agradecer pelo privilegio do que somos e temos.  Vamos a construir família. Sim, minha própria família para o bem de tudo e de todos.

Até mais! Fica com Deus!


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Fontes de conteúdo
Pe. Jose Kentenich, Ata de Fundação 18/10/1914
Testemunhos: amigos de Schoenstatt

Palestrante: Pe. Marcelo Aravena, Schoenstatt, Brasil

Editor: Rafael Tavares de Mota, Schoenstatt, Brasil






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