APRENDIZAGEM
NO CONFINAMENTO
O
que aprendi com os outros no confinamento
Há quase
quatro meses que muitos aproveitam a mudança na rotina e
o
confinamento obrigatório também para refletir e aprender uma
habilidade,
uma arte, uma língua ou para dar lugar a um
processo
de aprendizagem pessoal, outros sofreram de fadiga ou stress emocional. Mas
também houve a
oportunidade
de aprender com os outros e dos outros, especialmente com aqueles que nos acompanharam neste tempo de
isolamento social. Quer sejam amigos,
familiares ou parceiros, a crise de saúde forçou-nos a passar muito mais tempo juntos.
Quero
dar aos amigos e amigas que me falaram sobre esse tema um
espaço para nos dizerem o que aprenderam - ou estão a
aprender -
com a realidade
atual, com a pessoa ou com o grupo familiar com quem passaram estes meses.
1.
Aprendendo ser paciente e tolerante
Nossa amiga, Maria Clara, comentou: "Nestes 100 dias de isolamento
social que passei com o meu parceiro, Francisco, tenho cultivado a tolerância.
Eu gosto muito de ter o meu espaço e autonomia, mas tenho-me observado durante
este tempo e vejo que tenho sido mais compreensiva e tolerante em grande parte
graças a ele. Francisco move-se através da vida de
uma forma crítica mas não acelerada, o que me permeia e me ajuda a olhar para
as coisas com mais perspectiva, o que eu não estava a fazer tanto. Também aprendi com a sua
atividade politica e com a minha própria junto com ele que posso trabalhar por
causas sociais que eu considero justas para o bem dos outros. Também aprendi a reconhecer com ele ser
reconhecida, e sobretudo a estar sempre grata. Agora posso desfrutar de um bom
almoço, no meio da procura do teletrabalho, e projecto-me fora disto para fazer
comunidade, para abraçar aqueles que amo e para ser menos egoísta com o meu
tempo e sentimentos”.
Sem
duvida a paciência e a tolerância são umas das
virtudes mais procuradas no tempo do confinamento. Mas ha servido para crescer individualmente
reconhecendo aos coisas boas nas outras pessoas. Também reconhecendo as coisas
positivas que temos nos mesmos como potencialidades boas e que podemos colocar
ao serviço dos outros.
2.
Aprendendo a ser mais empática
Eduarda diz: ”Estou casada com Filipe há sete anos e
temos duas meninas pequenas, uma de um ano e uma quase de cinco. No início da
quarentena, viemos a Belo Horizonte para estarmos mais próximos de minha sogra, que foi
diagnosticada há três anos com câncer terminal. Esta situação me ensinou a ser
mais empática e tolerante, mas acima de tudo foi uma oportunidade de
reencontrar-nos e voltar a conhecermos mais profundamente com meu marido. Agora que nos vemos o dia todo, conseguimos
nos colocar no lugar um do outro e nos entender. Se há uma coisa que aprendi e
que me fez re-encantar nele e amá-lo mais ainda, é como ele é um bom pai”.
Sim. Situações de proximidade intensa levadas de
uma forma amadurecida e tranquila serve para aprofundar sentimentos positivos
para as pessoas que nos amamos.
3. Aprender o que é importante
Compartilhando com Enzo Gabriel, ele falou emocionado para mim:”No outro
dia eu estava conversando com meu filho, que está estudando medicina e que para
isso sempre teve uma grande vocação, e me surpreendi quando ele me disse que é inútil ter dinheiro se os relacionamentos são danificados. O
dinheiro vem e vai. Mais importantes do que isso são a felicidade, o
companheirismo, a compreensão e a solidariedade". Ao ouvi-lo, percebi que
ele tem suas prioridades claras: ele sabe que não somos ricos, que não temos
muitas coisas, mas que estamos unidos e que estamos passando por isso juntos. E
isso é o
que é importante. Sempre pensei que
ele havia escolhido sua carreira universitária pela remuneração econômica -
sendo imigrantes do Nordeste em São Paulo, acho que é inevitável que pensemos nisso - mas
com essa reflexão ficou claro para mim que seu espírito de serviço é o que prevalece.”
Tempos
de isolamento nos oferecem a possibilidade de ter conversas profundas com os
outros. E nos levamos surpresas
agradáveis ao descobrir tanta nobreza e riqueza interior nas pessoas que amamos
e com as quais convivemos nosso dia a dia.
4.
Aprender controlar a ansiedade com bom humor e otimismo
Pedro Henrique fala que: "Há duas
coisas que aprendi nesta quarentena em casa com minha esposa Joana e meu filho
André de três anos e meio de idade. O que
aprendi com ela é que compartilhamos o mesmo senso de humor e que
usamos o humor para passar por tudo o que está acontecendo. Isso nos ajudou a
controlar a ansiedade, nos salvou em tempos difíceis. As vezes ficamos com
raiva, e não nos levamos
tão a sério nem a situações externas e alheias. Com meu filho aprendi a
ser mais flexível, a ter que me adaptar e a estar muito atento ao que ele
precisa. Para descer no chão e brincar.”
Que
bonito e útil é ter bom humor e ser otimista numa situação extrema como é o
isolamento prolongado. Ajuda muito para
encontrar caminhos novos de entendimento, aceitação e melhoramento da nossa
convivei diária.
5.
Aprendendo a meditar e agradecer pelos privilégios
Conversando com João
Miguel, ele afirmou que esse tempo de quarentena não voluntaria: “Eu aprendi
a rezar e a meditar mais autenticamente.
Não só pelo risco e insegurança que significa a pandemia, mas também por
ter mais tempo útil para meditar nas coisas positivas e bonitas da vida, para
estar mais ciente dos privilégios que desfruta-mos, para colocar as prioridades
em ordem e para agradecer a Deus pelas bençãos muitas vezes imerecidas. Tudo
isso ajuda a contemplar a vida e suas realidades com olhos diferentes e
acrescentar a alegria no coração de estar vivo, de saber que você é amado por
Deus e pelos outros que estão no teu redor com você.”
Em tempos de
incerteza não tudo é negativo. É
verdade, em tempos de crise de nos pode sair o pior do ser humano mas também o
melhor, o mais nobre e puro, o mais belo e verdadeiro, o mais autentico e rico
humanamente falando.
6. O Padre Kentenich quando fundava Schoenstatt diz aos jovens
ante a iminência da segunda guerra mundial como se a Mãe de Deus falasse para
eles: “Segundo o plano da Divina Providência,
a Guerra Mundial, com os seus poderosos impulsos, deve vir a ser um meio
extraordinariamente proveitoso para vós na obra da vossa santificação. É essa santificação o que vos exijo.” Com isso ele quer dizer que de algo muito
negativo pode emergir algo muito positivo também. Condições de guerra podem ser propicias para
alcançar metas altas e nobres. Só temos
que estar dispostos para aprender como faze-lo e dar-nos por inteiro a isso que
amamos e desejamos.
Um
ultimo pensamento sobre os testemunhos que apresentamos anteriormente. Eu acho
que todos os valores mencionados atingem situações concretas e diárias da
vida familiar. É lindo e renovador viver em família mas ela
para que cumpra seu rol e função deve ser protegida e fortalecida todos os
dias. Vamos dar uma reforçada a nossas
familias cultivando e promovendo a paciência, a tolerância, a empatia, a
valoração das coisas simples, vamos controlar a ansiedade, a ter bom humor,
otimismo, rezar, meditar e agradecer pelo privilegio do que somos e temos. Vamos a construir família. Sim, minha própria
família para o bem de tudo e de todos.
Até
mais! Fica com Deus!
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Fontes de conteúdo
Pe. Jose Kentenich, Ata
de Fundação 18/10/1914
Testemunhos: amigos de
Schoenstatt
Palestrante: Pe. Marcelo
Aravena, Schoenstatt, Brasil
Editor: Rafael Tavares
de Mota, Schoenstatt, Brasil
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